terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Moisés Martins escreve sobre Praça Popular

Que não é apenas uma Praça há mais nesta cidade que sempre soube esperar na esperança do acontecer, sem se precipitar e nem atropelar o tempo no tempo que decorre. Nos meus idos de juventude parecia tão longe, quando longe era um lugar que não existia.
Quando da sua inauguração, na década de 50 morava no final da rua Joaquim Murtinho á época, mais precisamente no Campo D`Ourique, por ser tão pequeno parecia-me longe.
Criada em homenagem ao Ilustre cuiabano Eurico Gaspar Dutra, que galgou na carreira militar, o posto de Marechal e que também foi eleito Presidente da República, no Governo Republicano com três milhões, duzentos e cinqüenta e um mil quinhentos e sete votos. Sendo o 14º Presidente da República. Nasceu em Cuiabá a 18/05/1883. Faleceu no Rio de Janeiro (GB) em 11/06/ 1974. Assumiu o cargo de Presidente da República aos 63 anos de idade. Sua posse foi no Palácio Tiradentes Rio de Janeiro, em 31/01/ 1946. Com seu afastamento de 17 a 26/05/1946, Assumiu o Vice Presidente Advogado Nereu de Oliveira Ramos.

Após este breve curriculum. Voltemos à Cuiabá, onde no Bairro Popular à época foram construídas no seu governo o primeiro núcleo habitacional de Cuiabá, quiçá de Mato Grosso, destinado à população de baixa renda. Sua arquitetura, composta de casas com o hall parecido Bangalôs, idênticas a casas de boneca, e as suas paredes de meio tijolo, contrastavam com as casas coloniais existentes cujas paredes de taipa socada com metro de largura, sugerindo segurança aos moradores.
O local escolhido foi devido a proximidade do então 16º Batalhão de Caçadores do exercito Nacional. Houve festa na entrega e inauguração das referidas casas, realmente com aspecto popular e distante do centro da cidade, tendo como centro à época a Catedral Metropolitana de Cuiabá. Fato pitoresco ocorreu, quando minha mãe Noêmia Evangelista Martins, que ao ser contemplada com uma das casas, foi conhecê-la juntamente com minha avó.
Ao verem a largura da parede, num cuiabano bem falado disseram: "Figa Vige Vote, na primeira chuva do Caju, essa casa vai pro buquê" e recusaram a casa. Esta Praça atrás do Edifício Milão, tinha um enorme Largo contíguo a Praça Antonio João Ribeiro, onde havia uma criação de cabras do Senhor Antônio Taques. Uma das primeiras moradoras a receber a Chave foi Olga Dias, filha do Sr. João Pedro Dias, o homem que inaugurou a energia elétrica e telefone em Cuiabá. Outras pessoas Ilustres como o Acadêmico Luis Phillipe Pereira Leite, o Meu colega de profissão, cirurgião dentista Dr. Joaquim Lobo, o Ilustre Vereador Wilson Denis, já falecido, o Clã da Professora Nunes, genitora dos Deputados Estaduais Chica Nunes e Roberto Nunes, a família Taques, Vereador Paulo Borges, a família do Dr Agnelo Bezerra, do Sargento Plínio Serra, família de Levi Salies, Desembargador Avalone, Vereador Benedito Assunção, Família Camargo Dias, Família Josué de Sousa, Senhor Jeco e tantos outros Ilustres moradores do chamado Bairro Popular.
A Praça por ser distante à aquela época, possuía e era envolvida por lendas como a mula sem cabeça, que faz parte do imaginário cuiabano. O tempo passou, a Praça sofreu algumas mutações, porém a lembrança do menino que a viu nascer, continua qual vídeo teipe da retina. Hoje a especulação imobiliária descaracterizou Urbanisticamente o Bairro, porém sua Pracinha, carinhosamente chamada de Popular Lá está a desafiar o tempo, sendo cuidada pela atual administração, que tem mostrado através da reforma das Praças em Cuiabá o seu compromisso com a nossa cultura e a nossa História.
Moisés Martins é secretário adjunto da cultura e membro da Academia Mato-Grossense de Letras .

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