sábado, 24 de março de 2018

O anel que tu me deste era algema e me prendeu



Existe anel de compromisso de namoro. Existe anel de compromisso de noivado e de casamento. Surgiu agora o anel de compromisso de corrupção, tem diamante e um detalhe especial: custa os olhos da cara. Assinam a criação de tal adereço o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, a sua mulher, Adriana Ancelmo, e o empreiteiro quebrado Fernando Cavendish. Os honestos, nas horas difíceis, dizem: “vão-se os anéis, ficam os dedos”. Cabral, Adriana e Cavendish podem afirmar: em caso de desonestidade, “vão-se os anéis e o dono dos dedos vai para a cadeia”. Na semana passada, todo um besteirol se ouviu na Justiça do Rio de Janeiro, e o centro da balela foi o anel que firmou o compromisso de corrupção. Cavendish declarou que estava em Mônaco, ele mais Cabral mais a doutora Adriana, e era aniversário dela. Sérgio levou o amigo a uma joalheira e lhe disse: “compra esse anel para minha esposa”. Cavendish pagou R$ 840 mil mas alertou que teria contrapartida. Cabral anuiu.

O presente foi dado, Cavendish magoou: a doutora sequer disse obrigado. A contrapartida foi que a empreiteira Delta, de propriedade de Cavendish, participou da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo, e em troca ele deu cinco por cento de propina ao ex-governador, descontando os R$ 840 mil porque, afinal de contas, nem ninguém nem o anel são de ferro. Cabral, também em depoimento, afirmou que o ex-amigo é “tão puxa-saco que deu o anel a Adriana por iniciativa própria”. Marido zeloso, ele declarou à Justiça que não gostou muito dessa história de sua mulher ganhar uma joia milionária, tanto que a devolveu. Na mesma hora? Não, não, foi ciuminho bobo. R$ 840 mil é bom lenitivo da alma. O anel chegou ao dedo da doutora em 2009 e foi devolvido somente em 2012. Eis a breve história da criação do anel de compromisso da corrupção.
R$ 654 milhões é quanto a Força Tarefa da Lava Jato devolveu à Petrobras na semana passada. O montante foi recuperado a partir de acordos de leniência e delação – e é a maior quantia já restituída no País em uma investigação criminal. Nos últimos dois anos a Petrobras recebeu de volta R$ 1,5 bilhão. A estimativa é que seja reembolsada em R$ 10,8 bilhões.
ISTO É

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