sábado, 5 de fevereiro de 2011

O ciúme é diferente para mulheres e homens?

Pesquisa norte-americana aponta que há homens que consideram a infidelidade emocional mais angustiante do que a sexual

Foto: Getty Images

O ciíme é sexual ou emocional?

Pesquisas já divulgaram que o ciúme masculino é diferente do feminino. O deles seria mais ligado à infidelidade sexual e o das mulheres à infidelidade emocional. Porém, um novo estudo norte-americano revela que não é somente o gênero masculino ou feminino que influencia o tipo de ciúme, a personalidade e o histórico de cada um são decisivos para o sentimento aparecer ou não.

Anteriormente, estudos revelaram que a maioria dos homens sentia mais ciúme quando o assunto era a traição sexual, enquanto as mulheres sofriam mais com a traição emocional. A teoria se mantinha principalmente por duas justificativas: o homem se preocupava mais com o sexo porque não tinha como ter certeza absoluta sobre a paternidade de seus filhos, e a mulher, por outro lado, se ocupava mais com o lado emocional por querer um parceiro que estivesse comprometido a criar uma família.

Entretanto, os autores da nova pesquisa, a dupla de cientistas da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, Kenneth Levy e Kristen Kelly, questionaram a explicação, principalmente por constatar a existência de um número considerável de homens que consideram a infidelidade emocional mais angustiante do que a sexual.

Os pesquisadores suspeitavam que o que mais influenciava os indivíduos a terem mais ou menos ciúmes em relação aos diferentes tipos de infidelidade era a conexão emocional que tinham com o parceiro ou parceira e o perfil de cada um, independentemente do gênero.

Para eles, algumas pessoas são mais seguras da importância de seus relacionamentos enquanto outras tendem a desconsiderar a necessidade de ter uma estreita relação amorosa. Estas, afinal, foram as características mais importantes a serem consideradas para compreender o ciúme da traição sexual ou emocional, hipótese confirmada com a pesquisa.

O estudo descobriu que aqueles que dispensam relacionamentos mais íntimos e priorizam mais a liberdade, sendo eles homens ou mulheres, ficavam muito mais chateados com a infidelidade sexual. Em contrapartida, aqueles mais ligados a relações amorosas achavam a infidelidade emocional mais dolorosa.

Nem cá nem lá

Para o especialista em relacionamentos amorosos, o psicólogo Ailton Amélio da Silva, professor do Instituto de Psicologia da USP, em São Paulo, esta nova descoberta não invalida a primeira, que relaciona o ciúme ao gênero masculino e feminino. “Cada uma destas características é contribuinte para entender o ciúme. É possível que ambas estejam corretas”, afirma.

Segundo Ailton, o que ocasiona o ciúme possui influências biológicas, pessoais e até culturais. “O ciúme é um fenômeno complexo, com vários determinantes”, diz. “Depende de muitos fatores, desde culturais a pessoais. Dependendo do tipo de amor que envolve duas pessoas, por exemplo, um indivíduo pode ser mais ou menos inseguro. Há muitas variáveis”, completa.

O psicólogo Vinícius Farani, mestre em Família na Sociedade Contemporânea, de Salvador, Bahia, alega que a identidade de cada indivíduo está realmente mais vinculada às razões do ciúme do que o gênero, mas não é possível separar as duas explicações. “Antigamente, a questão dos gêneros estigmatizava bastante o comportamento. Hoje, no entanto, é difícil identificar se um comportamento é restrito ao homem ou não. A segurança ou a insegurança, qualquer que seja, pode vir de ambos os sexos”, completa.

Renata Losso, especial para iG São Paulo

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