segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Prainha – Da Igreja do Rosário à Praça Ipiranga (Cláudio Conte)

História de Mato Grosso - Prainha (Cuiabá/MT)
A avenida Tenente Coronel Duarte esconde, sob seu leito, o antigo Córrego da Prainha, cordão umbilical que alimentou de ouro e então nascente Arraial do Cuiabá. Com sua nascente na Avenida Miguel Sutil, próximo à rodoviária, se encontra hoje totalmente englobado na área urbana. Ainda no final de século XIX, Rubens de Mendonça narra, em artigo da revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, expedição sua e de amigo, todos adolescentes, em busca da nascente Prainha. Atravessa canalizado, mas a céu aberto, os bairros do Araés e Baú, indo esconder-se, envergonhado de tanta sujeira, sob o leito da avenida do CPA, na pracinha em frente a sede de Ministério Público Federal. Após percorrer toda a área central, não lhe é mais permitido desaguar no Rio Cuiabá; uma estação elevatória leva suas águas, todas contaminadas, para tratamento antes de jogá-la no rio.
Triste história do Córrego que viu a cidade nascer transformando em cloaca. Sua lembrança estará sempre presente em seu poético nome, Prainha, transposto popularmente para a Avenida.
Suas antigas encostas estão cheias de histórias e salpicadas de igrejas. As generosas Lavras do Sutil que tanto ouro produziram. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, quase tão velha quanto a cidade, antiga igreja dos escravos e, hoje, de forte devoção popular por conta de São Benedito. O templo do prazer, o Palácio da Águias, famosos prostíbulo do qual só restam lembranças, e algumas fotografias, localizado, aproximadamente, onde hoje está o ponto de ônibus do Morro da Luz. As velhas e belas pontes de pedras também desaparecidas, das quais a mais famosa era a Ponte da Confusão, na confluência com a Avenida Coronel Escolástico.
Algumas coisas ainda sobrevivem no meio do caos urbano como o Chafariz do Mundéu, alimentado com águas que vinham de uma nascente do terreno da Santa Casa, situado na Praça Bispo Dom José, recentemente recuperada com a desativação do terminal de ônibus. O antigo Quartel da Força Pública, de 1862, atual Ganha Tempo, boa e bela restauração terminada em 2002, de um grande imóvel de tipologia colonial. Lá no alto, mas ainda ribeira da Prainha, a Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho, local sagrado desde 1726, com uma pequena capela, e com a atual Igreja neogótica iniciada em 1918. Mais para o final, sempre à sua margem, a Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora do Colégio São Gonçalo, da década de 1920.
Até 1962 a Prainha era um pequeno riacho serpenteando o fundo de quintais, nesta data é aberta a avenida e canalizado o córrego. Em 1974 é aberta a Avenida Rubens de Mendonça, a Avenida do CPA, continuação da Prainha no sentido leste.Em 1978 o córrego é coberto.
Prenhe de história e significados a atual Avenida da Prainha ou Tenente Coronel Duarte precisa da aplicação rígida de legislação urbanística municipal para despoluí-la visualmente, proibir o estacionamento de veículos nas calçadas e outros trabalhos como ficção subterrânea e arborização para deixá-la digna de grande artéria da capital.

Esse texto foi extraído na íntegra do Livro:Cuiabá - De Vila a MetrópoleArquivo Público do Estado de Mato GrossoEditora Entrelinhas – 2006.A venda nas livrarias http://www.carrionecarracedo.com.br/vendas.htm

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