quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Como separar o amor do apego?

Enquanto um é liberdade o outro reflete uma prisão.
Certa vez ouvi um discípulo perguntando a um mestre na índia: - Mestre, estou amando duas pessoas ao mesmo tempo. O que devo fazer? O mestre respondeu: - Ame-as e procure amar uma terceira pessoa, porque, se você ama apenas uma pessoa, seu ego se dilui nela; se ama duas pessoas, seu ego quase desaparece por completo; mas, se ama uma terceira pessoa, aí sim seu ego desaparecerá por completo.

Esse amor chama-se bhakti. É o amor devocional, o que dá liberdade. Krishna, um mestre hindu, vivia nesse estado de amor transbordante que atingia todas as pessoas, ele tinha dezenove esposas e amava todas elas. Salomão, no Cântico dos cânticos, nos brinda com um texto auspicioso sobre o amor e tinha 150 esposas. O amor deve ser duradouro na vida e isso nos traz muito contentamento.

Ao contrário do apego, que deve desaparecer. Vá aos poucos diluindo essa energia. Agora aproveite para sentir o que você realmente ama e em seguida perceber a que se apega.

- O que amo? Gilberto Gil pode nos inspirar, respondendo: O seu amor / Ame-o e deixe-o / Livre para amar / Ir aonde quiser / Ame-o e deixe-o / Brincar, correr, cansar e dormir em paz / O seu amor / Ame-o e deixe-o / Ser o que ele é - A que sou apegado? Roberto Freire escreve o seguinte texto, que inspira uma reflexão: "Porque te amo eu não preciso de ti / Porque tu me amas tu não precisas de mim / No amor jamais nos deixamos completar / Somos deliciosamente desnecessários um para o outro"

Um dos maiores ensinamentos de todos os iluminados é a impermanência de tudo, o que ajuda a nos libertar do apego. Se tudo passa, qual o sentido de se apegar? O que você ganha apegando-se a seja lá o que for? Tudo é impermanente.

Nada do que foi será / De novo do jeito que já foi um dia / Tudo passa, tudo sempre passará / A vida vem em ondas como o mar / Num indo e vindo infinito / Tudo o que se vê não é / Igual ao que a gente viu há um segundo / Tudo muda o tempo todo no mundo / Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo / Agora há tanta vida lá fora / Aqui dentro sempre / Como uma onda no mar / Lulu Santos

Há um exercício que ministro em grupos avançados de iluminação. É uma técnica chamada "morte e desapego", que se divide em várias vivências durante três dias em algum sítio, hotel ou mosteiro. Escolhi uma técnica dessa vivência para você realizar.

Agora, mais atenção!

Essa é uma técnica muito forte que realmente mexe com as pessoas, faz chorar, limpa o coração. Sinta em sua essência se realmente quer fazer esse exercício. Em caso positivo, vá aos pouquinhos.

Tire um tempo só para isso e faça-o bem devagar, com consciência. 1º parte: Escolha três pessoas pelas quais você sinta amor e / ou apego. 2º parte: Escreva uma carta de despedida a cada uma delas, como se em pouquíssimo tempo, você fosse deixar o planeta Terra. 3º parte: Escreva seus sentimentos, suas mágoas, suas esperanças, o que está instalado aí dentro de você, faça elogios, críticas, perdoe e sinta-se perdoado.

Após essa liturgia, que muito mexerá com você, há duas opções: 1. Guardar as cartas para refletir sobre o desapego e a importância de viver o momento ou 2. Queimar as cartas, ritualisticamente

. Outra forma de apego é querermos que o outro nos complete e então também nos apegamos a essa idéia sem consciência. É o conceito de cara-metade ou alma gêmea. Mas o que é a busca pela alma gêmea ou pela cara¬metade? É a meia pessoa procurando outra meia pessoa para que supostamente se completem. Só que ninguém pode se completar. Cada um de nós já é completo.

As pessoas esquecem de si mesmas, se anulam nos relacionamentos. E pensam ou dizem: "Você é o sol da minha vida", "Não poderia viver sem você", "Você me faz feliz", "Se você for embora, eu morrerei", "Você é minha luz", ou ainda, "O que eu faria sem você"...

Isso mostra falta de consciência, de amor-próprio e de auto-estima.

Auto-estima é tão importante quanto o relacionamento a dois, pois se trata da relação consigo mesmo. Lembre-se de que está aqui neste planeta para você, de que existe para você, reencarnou para você.

Dar-se importância não só é um ato de amor mas uma atitude inteligente. Muitas vezes aprovamos e somos tolerantes com os outros, mas não conosco.

A vida é muito efêmera para que se fique com baixa auto-estima, procurando defeito em si mesmo ou comparando-se com os outros, e o que é pior, esperando que alguém o complete.

Reflexão: Às vezes só reconheço o pior de mim? Com que freqüência estou a meu favor? Com que freqüência medito no "sou a imagem e semelhança da Existência"?

Koan

Você busca a alma gêmea? Alma gêmea de quem? Se Jesus lhe apontou tanto que Deus é amor, o que é a sua essência? Otávio Leal é terapeuta holístico

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