terça-feira, 25 de março de 2014

Solidão versus Internet e Celular!Solidão versus Internet e Celular!


Solidão é definida como o estado de estar só, não ter ninguém. Mas para uma boa parte dos solitários(as), estar só é uma opção, e não uma não possibilidade de se conviver com alguém. E quando é por escolha, não há revoltas ou sofrimentos. Para alguns é algo difícil de ser entendido e aceito, mas que está aí e deve ser respeitado. Alguns ousam dizer: "Se está sozinho(a) boa coisa não é". Não é verdadeiro. Mas falaremos dessa escolha um outro dia.
A pior das solidões é a de quem tem alguém ao seu lado, mas mesmo assim se sente só. Fato com um índice enorme de ocorrência, principalmente entre os casais da atualidade.

A modernidade nos colocou à disposição recursos que em muito facilitam nossas vidas, integram-nos com longas distâncias e nos possibilitam a comunicação imediata "sempre" que necessário e como já viram pelo título, estou me referindo especificamente à Internet e ao Celular.
Quantos casais conhecemos que não conseguem mais compartilharem de um mesmo assunto, estarem juntos em uma mesmo "círculo de amigos" para um "bate-papo", pois se isso acontece imediatamente começam a divergir e a discutirem, chegando a situações de agressões verbais e de não respeito generalizado, a eles mesmos e aos demais presentes. Fácil vê-los, cada um em um canto, em conversas animadas e que se calam tão logo o outro se aproxime. Isso é ter um(a) companheiro(a)? De jeito nenhum. Companheirismo não é isso.

Uma das formas que se têm utilizado para o preenchimento desse vazio é o uso da Internet. Uso exagerado e que leva a pessoa ao vício que se concretiza frente ao computador. TDI - Transtorno da Dependência à Internet é o nome dado a esse mal que assola a tantos. Com o computador e a Internet não é exigido do usuário a integração e o vínculo que se estabelece quando de um contato a dois, frente a frente, e se numa sala de "bate-papo" algo desagrada, facilmente se sai dela indo para outra. A grande vantagem do mundo virtual - você navega por onde quer. Já afirmei em artigo anterior que "este vício traz também em seu contexto o afastamento da família e do convívio social, uma dependência mórbida atendida apenas quando se senta na frente do equipamento".

O outro recurso, o Celular. Vocês já observaram as situações mais inusitadas onde a pessoa está falando ao celular? Há poucos dias, com pouco espaço de tempo entre uma situação e outra, presenciei duas que afirmam bem o uso indevido: um jovem estava almoçando, punha a colherada na boca, mal mastigava e falava ao celular. A outra, em um lavatório de um outro restaurante, uma pessoa escovava os dentes e falava ao celular simultaneamente. Será que o outro lado estava entendendo o que ele dizia?
E isso com a solidão? Pois é. As pessoas estão com dificuldades de se expressarem frente a frente. Basta colocarem os pés para fora do local onde está a outra pessoa para se ligar para ela e ficarem horas no telefone. Ai então brigam, fazem as pazes, voltam a se xingar, riem e basta se encontrarem novamente para calarem. Não há assunto. Na verdade há, mas a dificuldade de dizer o que se pensa olho-no-olho interrompe o vínculo.

As pessoas estão tão apegadas ao uso do celular que, mesmo em empresas, conversa-se mais por ele do que nas salas de reunião ou nos encontros fornecedores e clientes. Falam um pouquinho, despedem-se e logo em seguida eis um ligando para o outro e dizendo: "Puxa, me esqueci de perguntar..., de dizer....", e vai bom tempo de conversa. As concessionárias agradecem, estão cada vez mais ricas. Qual o valor de sua conta de celular? Você acha que se justifica? A resposta é para você mesmo(a).
Os relacionamentos têm se iniciado e ido até a fase onde um começa a conhecer e participar mais da vida do outro. Pronto. Aí começa a terminar, pois apararem arestas, chegarem a pontos comuns, entenderem-se é uma prática que está cada vez mais fora de moda.
As pessoas têm revelado surpresas quando "ousam" expressar seus pensamentos na frente do outro e são aceitos. Não é estranho isso?


por Paulo Salvio Antolini - pauloantolini@terra.com.br

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