Crises de ciúme como as de Laerte (Guilherme Leicam) em “Em
Família” não são uma raridade. São incontáveis os casos de vítimas de
parceiros que tinham ciúme patológico. É o caso da estudante Débora
Nisenbaum e da cabeleireira Elizete Barros, que sofreram nas mãos de
namorados possessivos e agressivos.
Assim como
Helena (Bruna Marquezine), Débora era adolescente – ela tinha 16 anos –
quando começou a namorar Roberto (nome fictício), de 21. “No começo,
era tudo lindo e tranquilo, mas, depois de seis meses, ele começou a se
mostrar muito inseguro e ciumento. Perguntava dos meus amigos e chegou a
brigar feio com um amigo dele só porque ele disse que eu era bonita”,
conta a estudante, hoje com 21 anos.
Débora
relata que o ciúme de Roberto piorou até começarem as agressões verbais.
“Ele queria saber com quem eu já havia me relacionado e, quando eu
contei, ficou muito nervoso e me xingou muito. Um dia, eu cheguei em
casa e o peguei lendo meus e-mails.”
O
relacionamento durou um ano e meio. “Além de acabar com a minha
liberdade, ele começou a tirar minha privacidade. Eu me sentia enjaulada
e terminei tudo”, desabafa ela.
Com Elizete o
caso foi mais longe e ela chegou a se casar com Paulo (nome fictício).
“Os problemas começaram quando fomos morar na mesma casa. Ele morria de
ciúme de todos. Eu não podia nem falar o nome de outro homem”, conta a
cabeleireira, que viu sua vida de casada se tornar um pesadelo.
“Ele
tinha certeza de que eu o traía. Quando chegava em casa, olhava embaixo
da cama e no guarda-roupas. Como não achava ninguém, dizia que a pessoa
havia fugido pela janela.” Com o tempo, Paulo passou a agredir Elizete
fisicamente e a trancá-la em casa, até que ela resolveu se libertar.
“Pulei o muro com meus três filhos. Foi a melhor decisão da minha vida.
Retomei minha liberdade.”
Elizete está separada há 14 anos e faz apenas dois que Paulo deixou de persegui-la. “Precisei entrar na Justiça.”
Comportamento de Laerte tem diagnóstico e tratamento
A
psicóloga Andrea Lorena explica que o ciúme patológico se divide em
dois tipos, o ciúme obsessivo, que é o caso de Laerte e do ex-namorado
de Débora (leia matéria ao lado), e o ciúme delirante, como o do marido
de Elizete.
“Nos dois casos a pessoa não
consegue lidar com o ciúme de maneira saudável, faz escândalo e perde
completamente o controle. Mas no caso do ciúme delirante, o ciumento
perde a noção da realidade e cria uma fantasia de que está sendo
traído.” Andrea assegura que existe salvação.
“O
tratamento é feito com sessões de psicoterapia que duram, em média,
cinco meses. Em alguns casos é preciso procurar um psiquiatra e utilizar
medicação, mas para todos os ciumentos a taxa de sucesso é alta”,
tranquiliza a psicóloga.
Entrevista - Guilherme Leicam_ Laerte, de “Em Família”
‘Laerte é uma espécie de Heleno’
DIÁRIO_ O que você acha das atitudes ciumentas do Laerte?
GUILHERME
LEICAM_ Eu desaprovo, mas compreendo sua função dramática na trama.
Manoel Carlos sempre tem essas características. Suas Helenas sempre
cometem erros, ou seja, são humanas. Laerte é uma espécie de “Heleno”
nessa novela. É assim que o Maneco me chama.
Você se considera um cara ciumento?
Já
fui bem mais ciumento. Hoje estou muito mais seguro. O fato de ter
aulas de filosofia com o mesmo professor de Bruno Gagliasso e Isis
Valverde me ajudou muito a compreender esse sentimento de uma forma mais
racional. Acabei de sair de um namoro de três anos e meio e tínhamos
uma convivência muito bacana.
O Laerte apenas ama demais ou tem uma doença?
Sem
dúvida, o ciúme de Laerte é patológico. Laerte ama Helena, mas, nessa
segunda fase, Manoel Carlos quis mostrar um jovem que ainda não está
preparado para o jogo do amor. Ele excede o que seria um limite razoável
de ciúme. Este foi meu desafio na hora de construir o personagem. Tive
de estudar psicologia para não errar na medida entre o lado generoso e o
lado tenebroso do Laerte.
Você já teve uma parceira ciumenta?
No
nível do Laerte, não. Cuido muito pra não me envolver com esse tipo de
pessoa. Não é nenhum preconceito, mas sou pessoa pública, com centenas
de fãs que são mulheres. Preciso estabelecer relações com mulheres
psicologicamente mais maduras.
Como você agiria se uma namorada tivesse uma crise de ciúme como as do Laerte?
Eu acho que estudar psicologia poderia, quem sabe, me ajudar a lidar com esse ciúme e torná-la uma pessoa mais feliz.
POR: Micheli Nunes
micheli.nunes@diariosp.com.br
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