segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

É bom ficar ligado: o ciúme pode virar doença


Crises de ciúme como as de Laerte (Guilherme Leicam) em “Em Família” não são uma raridade. São incontáveis os casos de vítimas de parceiros que tinham ciúme patológico. É o caso da estudante Débora Nisenbaum e da cabeleireira Elizete Barros, que sofreram nas mãos de namorados possessivos e agressivos. 

Assim como Helena (Bruna Marquezine), Débora era adolescente – ela tinha 16 anos – quando começou a namorar Roberto (nome fictício), de 21. “No começo, era tudo lindo e tranquilo, mas, depois de seis meses, ele começou a se mostrar muito inseguro e ciumento. Perguntava dos meus amigos  e chegou a brigar feio com um amigo dele só porque ele disse que eu era bonita”, conta a estudante, hoje com 21 anos. 

Débora relata que o ciúme de Roberto piorou até começarem as agressões verbais. “Ele queria saber com quem eu já havia me relacionado e, quando eu contei, ficou muito nervoso e me xingou muito. Um dia, eu cheguei em casa e o peguei  lendo meus e-mails.”

O relacionamento durou um ano e meio. “Além de acabar com a minha liberdade, ele começou a tirar minha privacidade. Eu me sentia enjaulada e terminei tudo”, desabafa ela.

Com Elizete o caso foi mais longe e ela chegou a se casar com Paulo (nome fictício). “Os problemas começaram quando fomos morar na mesma casa. Ele morria de ciúme de todos. Eu não podia nem falar o nome de outro homem”, conta a cabeleireira, que viu sua vida de casada se tornar um pesadelo.


“Ele tinha certeza de que eu o traía. Quando chegava em casa, olhava embaixo da cama e no guarda-roupas. Como não achava ninguém, dizia que a pessoa havia fugido pela janela.” Com o tempo, Paulo passou a agredir Elizete fisicamente e a trancá-la em casa, até que ela resolveu se libertar. “Pulei o muro com meus três filhos. Foi a melhor decisão da minha vida. Retomei minha liberdade.”

Elizete está separada há 14 anos e faz apenas dois que Paulo deixou de persegui-la. “Precisei entrar na Justiça.”

Comportamento de Laerte tem diagnóstico e tratamento

A psicóloga Andrea Lorena explica que o ciúme patológico se divide em dois tipos, o ciúme obsessivo, que é o caso de Laerte e do ex-namorado de Débora (leia matéria ao lado), e o ciúme delirante, como o do marido de Elizete.

“Nos dois casos a pessoa não consegue lidar com o ciúme de maneira saudável, faz escândalo e perde completamente o controle. Mas no caso do ciúme delirante, o ciumento perde a noção da realidade e cria uma fantasia de que está sendo traído.” Andrea assegura que existe salvação.

“O tratamento é feito com sessões de psicoterapia que duram, em média, cinco meses. Em alguns casos é preciso procurar um psiquiatra e utilizar medicação, mas para todos os ciumentos a taxa de sucesso é alta”, tranquiliza a psicóloga.

Entrevista - Guilherme Leicam_ Laerte, de “Em Família”

‘Laerte é uma espécie de Heleno’

DIÁRIO_ O que você acha das atitudes ciumentas do Laerte?
GUILHERME LEICAM_ Eu desaprovo, mas compreendo sua função dramática na trama. Manoel Carlos sempre tem essas características. Suas Helenas sempre cometem erros, ou seja, são humanas. Laerte é uma espécie de “Heleno” nessa novela. É assim que o Maneco me chama.
Você se considera um cara ciumento?
Já fui bem mais ciumento. Hoje estou muito mais seguro. O fato de ter aulas de filosofia com o mesmo professor de Bruno Gagliasso e Isis Valverde me ajudou muito a compreender esse sentimento de uma forma mais racional. Acabei de sair de um namoro de três anos e meio e tínhamos uma convivência muito bacana. 

O Laerte apenas ama demais ou tem uma doença?
Sem dúvida, o ciúme de Laerte é patológico. Laerte ama Helena, mas, nessa segunda fase, Manoel Carlos quis mostrar um jovem que ainda não está preparado para o jogo do amor. Ele excede o que seria um limite razoável de ciúme. Este foi meu desafio na hora de construir o personagem. Tive de estudar psicologia para não errar na medida entre o lado generoso e o lado tenebroso do Laerte.

Você já teve uma parceira ciumenta?
No nível do Laerte, não. Cuido muito pra não me envolver com esse tipo de pessoa. Não é nenhum preconceito, mas sou pessoa pública, com centenas de fãs  que são  mulheres. Preciso estabelecer relações com mulheres psicologicamente mais maduras.

Como você agiria se uma namorada tivesse uma crise de ciúme como as do Laerte?
Eu acho que estudar psicologia poderia, quem sabe, me ajudar a lidar com esse ciúme e torná-la uma pessoa mais feliz.
POR: Micheli Nunes
micheli.nunes@diariosp.com.br

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