Terceira idade está muito mais ativa e presente na sociedade
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam o que já é fácil notar pelas ruas: a expectativa de vida dos brasileiros está crescendo em ritmo acelerado. Em 1940, a esperança de vida era de 45,5 anos de idade. Em 2008, saltou para 72,7 anos e a previsão é que chegue a 81,29 em 2050. Segundo o IBGE, a expectativa de vida poderia ser maior se não fosse o efeito das mortes prematuras, particularmente dos adultos jovens do sexo masculino, por violência. Ano passado, a cada 100 crianças de 0 a 14 anos, havia 24,7 pessoas de 65 anos ou mais. A estimativa para 2050 é que para cada grupo de 100 crianças haja 172,7 idosos. Acredita-se que até 2025 mais de 30 milhões de brasileiros tenham 60 anos ou mais.
Para a psicóloga e psicanalista Susan Guggenheim, os idosos saudáveis são adultos que podem desempenhar todas as atividades que se propõem a realizar. “A ideia do idoso inativo é coisa do passado. Eles buscam cada vez mais a participação na vida social e econômica que lhe é oferecida”, diz a especialista, que também é coordenadora dos grupos de psicologia na Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Unati/UERJ) e autora do livro “Terceira Idade: Desafio para o Terceiro Milênio”.
Feliz idade
Faltando 10 anos para chegar aos 90 – a idade alvo da pesquisa –, a pensionista Yvonne da Costa Maia concorda com o estudo. Ela garante que é mais feliz hoje do que quando era jovem, mesmo não tendo ao lado o marido com quem viveu por mais de 30 anos. “Mantenho uma relação muito boa com o meu filho e tenho muitos amigos. Tenho também mais liberdade e sei lidar melhor com a vida. Só gosto de coisas alegres, porque se não procurarmos o que nos faz bem, a vida fica triste”, declara a jovem vovó, que faz parte da Universidade da Terceira Idade (Unati) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) há 16 anos – no mesmo ano em que foi inaugurada – e, no momento, faz as atividades de dança de salão, teatro e yoga.
Yvonne, que dispensa o tratamento de senhora, lembra que antigamente as pessoas com 50 anos já eram consideradas velhas. “Se não fosse a modernidade, teria uma vida bem diferente. Estaria de bengala, num asilo, esperando morrer. Ainda tenho muito o que viver”, ri.
A psicóloga Susan ressalta que é importante os idosos manterem a mente ativa. “Assim, sentem-se fazendo parte da vida, da sociedade. Eles devem se integrar às novidades do mundo para viver o presente e criar novos projetos”, orienta.
Novos horizontes aos 60 anos
“Eu sou capixaba, morava na roça e o meu pai dizia que mulher não tinha que estudar e sim lavar, passar, cozinhar e arrumar a casa. Depois que meus filhos casaram, só ficaram meu marido e eu em casa; então pensei: ‘Não sei ler nem escrever. Vou ficar aqui sentada vendo apenas televisão o resto da vida?’ Decidi que não. Eu sempre quis muito ler, mas como não sabia, tinha que pedir às outras pessoas para lerem para mim. Era constrangedor porque, muitas vezes, mesmo quem gosta da gente pode não estar com vontade de ler naquela hora. Eu me sentia incomodando”, lembra.
Hoje ela conta com orgulho cada passo que deu para, enfim, conseguir alcançar seu objetivo. “Chorei muito na sala de aula acreditando não ser capaz, querendo desistir. Mas no outro dia acordava com mais garra para aprender o que não havia conseguido. É uma alegria sem explicação poder ler a Bíblia, uma receita, uma revista ou escrever um recado sem precisar de ajuda”, comemora. “Nunca é tarde para recomeçar”, completa.
Dificuldades
O analfabetismo é um dos principais entraves na vida dos idosos. Dados apontam que 10% da população não sabem ler nem escrever, sendo que a taxa entre as pessoas com mais de 65 anos é de 31%. Entre outros problemas enfrentados pelas pessoas dessa faixa etária, estão a desvalorização de aposentadorias e pensões, a depressão, o abandono da família, a falta de uma boa política de saúde pública voltada para elas, além do difícil acesso a planos de saúde.
Susan Guggenheim ressalta a falta de oportunidades dos mais velhos para a realização de novos projetos e a dificuldade de serem aceitos pela sociedade, que em sua maioria é formada por jovens. A especialista afirma que a população ainda não está preparada para o aumento do número de idosos e talvez não esteja no futuro.
“Todos os estudos apontam para inúmeras carências, tanto na assistência à saúde, como nos aspectos de mercado de trabalho e na formação educacional dos idosos. Os preconceitos contra a velhice também estão presentes e não podemos prever se daqui a 10 anos o idoso enrugado, de cabelos brancos, será tão bem recebido socialmente como é um jovem belo e atlético”, lamenta.
fonte =Plenitude
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