Mulheres com medidas generosas estão assumindo o lado gordinha e gostosa. Bom para a autoestima. Mas e a saúde, como fica?
A onda plus size invadiu nossa praia: formas e medidas generosas e reforço da autoestima
Campanhas pela real beleza. Mulheres que assumem seus defeitinhos e até seus quilos a mais. Confecções que começam a investir em tamanhos a partir do manequim 44. Atrizes - como a comediante Fabiana Karla - e modelos – como Andréia Miura -, que brilham felizes e faceiras sem dar bola para os números da balança. Entretenimento, como a peça de teatro Gorda, que conta a história de um executivo bem-sucedido que se apaixona por uma mulher inteligente, divertida, sensual e com 30 quilos acima do peso. E até o BBB11, sempre palco de corpos esculturais, traz uma participante GG – Paula Leite. Pois é, a onda plus size veio para ficar.
“Acho positivo trabalhar outros padrões de beleza, quebrando o estigma de que só é bonita e saudável quem é magra”, diz a endocrinologista Fernanda Gomes de Melo, do Hospital Bandeirantes, de São Paulo.
A especialista explica que o padrão normal de índice de massa corporal (IMC*) é de 18,5 a 24,9. De 25 até 29,9, existe sobrepeso. “Mas nessa segunda faixa muitas vezes encontramos pessoas mais saudáveis do que outras com IMC 23, por exemplo”, diz.
Gordura abdominal
Para a endocrinologista Nathalia Ferreira, membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e médica do Centro de Medicina Integrada da Saúde Medicol, é importante sentir-se confortável com seu peso e manter a autoestima elevada. “Sob o ponto de vista da saúde, no entanto, é preciso verificar a relação entre cintura e quadril e analisar o padrão de distribuição de gordura. Concentrada na região da barriga, ela aumenta os riscos de doenças cardiovasculares e da síndrome metabólica”, alerta.
Além disso, as cheinhas devem ficar de olho nas dosagens metabólicas, como taxas de glicemia, colesterol e triglicérides. “Se esses níveis estiverem bons, se a pessoa praticar atividade física regularmente e seguir uma alimentação equilibrada, pode ser aceitável um IMC um pouco além de 25”, diz Nathalia.
É esse o caso da modelo plus size Andréia Miura. Aos 32 anos, ela tem 93 quilos distribuídos em 1,80 metro de altura – o que a leva registrar IMC 28. “Faço caminhadas e abdominais pelo menos três vezes por semana. Também sigo um cardápio saudável, evitando frituras e doces, e tenho acompanhamento de um endócrino. Recentemente realizei meus exames de rotina e está tudo em ordem”, orgulha-se.
Sua preocupação com o bem-estar é tão grande que ela intensificou os cuidados nos últimos meses e emagreceu 10 quilos. “Estou saindo do manequim 48 e chegando ao 46. Minha meta é atingir o 44, pensando na minha saúde – e vou parar por aí, até para não correr o risco de perder trabalhos”, brinca Andréia, que já posou para um catálogo de lingeries e é um dos destaques da Fashion Week Plus Size, evento que acontece em fevereiro, em São Paulo.
Pacote da autoestima
As confecções que trabalham com tamanhos plus size costumam oferecer numeração do 44 ao 50. Acima disso, não é bom para a moda, nem para a saúde. “Não precisa sofrer para manter a cinturinha de 60 cm, mas se passar de 88, é melhor se preocupar. Tome cuidado para não se deixar levar pela ideia de ‘vamos ser gordinhas e felizes, sem ligar para nada’”, alerta a médica Fernanda de Melo.
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A endocrinologista chama atenção ainda para problemas que o peso pode trazer e que não aparecem nos exames de rotina. “Com o tempo, o excesso pode sobrecarregar as articulações (de joelhos, tornozelos), levando a artroses e varizes, entre outras coisas”.
É legal assumir-se com medidas generosas. Mas lembre-se que o pacote da autoestima deve conter cuidados com a beleza, alimentação saudável e atividade física prazerosa.
(*) O IMC é reconhecido como padrão internacional para avaliar o grau de obesidade. O índice é calculado dividindo o peso (em quilograma) pela altura (em metro) ao quadrado.
IMC = Peso : Altura²
Resultado:
IMC abaixo de 18,5: subnutrição
IMC entre 18,5 e 24,9: peso saudável
IMC entre 25 e 29,9: sobrepeso
IMC entre 30 e 34,9: obesidade grau 1
IMC entre 35 e 39,9: obesidade grau 2
IMC acima de 40: obesidade grau 3
Yara Achôa, iG São Paulo
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