Desde criança somos incentivados a moldar o nosso ego para que ele torne-se uma arma e um escudo ao mesmo tempo. Começa um processo de blindagem para que não sejamos ofendidos nem taxados como inferiores. E com o passar dos anos já estamos experts em defender com unhas e dentes a nossa lustrada razão. Mesmo que isso nos cause prejuízos.
Diz aí, quantas pessoas você conhece que nunca dão o braço a torcer? Que falam muito sobre Jesus e nunca deram a outra face para bater? Ou vivem uma falsa verdade, mantêm a fachada da família feliz para permanecer na falsa superioridade da razão.
Aquelas pessoas
Se a nossa grama não é mais verde, ela é de uma raça importada. “Meu carro é um popular, mas é mais econômico que o seu”. Não se pode ficar por baixo. Há de se procurar uma razão para justificar a posição de segunda voz na dupla sertaneja. Nunca é a sua vez de ceder. É o machismo e o feminismo exacerbado, é a sensação de ser sempre a resposta, nunca a pergunta.
Considero uma das melhores frases do mundo aquela criada por Ferreira Gullar: “Não quero ter razão, eu quero é ser feliz!” O poeta teve esse insight quando estava em casa sozinho depois de uma briga com sua mulher. Ele ficou na fossa e acabou ligando pra ela dizendo essa frase. Tudo ficou em paz. O mais incrível é que tempos depois, após publicado em seus versos, um leitor o encontrou e disse que aquela frase também o teria feito reatar com sua namorada.
Quantas e quantas vezes nos já deixamos passar coisas, momentos e oportunidades apenas por querer ter a razão. Talvez nem por nossa própria culpa, mas pelo condicionamento que cultivamos no curso da vida. Precisamos manter o ego intacto, ou seguir apenas o intelecto, o lado esquerdo do cérebro. Ego, orgulho, razão, eles estão ali juntinhos, bem perto um do outro; como uma barreira de jogadores a impedir o gol.
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