sábado, 10 de agosto de 2013
A sua vida está em banho-maria?
Banho-maria é uma técnica de cozimento à base de calor indireto e água, utilizada no preparo de alimentos que não podem entrar em ebulição. Por este motivo, usa-se esta expressão popular quando protelamos situações ou decisões na vida, que ficam por tempo indeterminado, no banho-maria.
Somos proteladores quando chegamos tarde a compromissos assumidos ou adiamos tarefas ou decisões que devem ser tomadas. Protelar, enrolar, perder a ocasião e viver perdido no passado, presente e futuro é uma reação emocional e fuga de momento presente. Quem protela, vive na ansiedade e gasta energias sem colher fruto algum.
E não são poucas as situações que encontramos no atendimento psicoterapêutico, cujos modelos emocional e comportamental das pessoas revelam um forte traço de indecisão, de insegurança no momento de decidir que rumo dar à sua vida, ou qual caminho trilhar quando surgem várias opções ao mesmo tempo.
Geralmente, na face oculta do hábito de procrastinar, encontra-se um sentimento chamado medo que esconde, em seus bastidores, a angústia e a apreensão em face de um perigo real ou imaginário. Bloqueio que interfere no livre-arbítrio, obstaculizando a determinação de focar a vida para o crescimento pessoal de uma forma mais segura, objetiva e saudável.
Nestes casos, durante o processo psicoterapêutico, observamos que os traumas psíquicos acumulados, são, em parte, responsáveis pela momentânea incapacidade da pessoa em reagir a um estímulo interno que exige agilidade na resposta.
Situações nas quais a limitação do poder decisório pessoal estimula o surgimento de doenças decorrentes da ansiedade, sentimento capaz de prejudicar a qualidade de vida, autoestima e saúde do ser humano, como as enfermidades psicossomáticas, ou seja, doenças que afetam a saúde física e mental. Gastrite, depressão, úlceras, taquicardia, hipertensão, cefaleia e alergias são alguns exemplos de doenças psiconeurológicas e psicooncológicas.
Deixar tarefas pendentes ou a indecisão no encaminhamento de situações que exigem respostas imediatas aumentam o nível de ansiedade, que, na dose certa, pode ser positivo, à medida que precisamos de desafios para nos desenvolver e aprender a viver com níveis de ansiedade suficientes para atingir o patamar mais alto de nosso potencial.
Nas regressões de memória extracerebral (vidas passadas), verificamos que o vício de procrastinar é apenas uma decorrência de um padrão emocional-comportamental que acompanha o indivíduo há muitas vivências na dimensão física. Isto é: um modelo cristalizado que muito pouco ou nada altera com o ciclo das reencarnações.
Portanto, levar a vida no banho-maria é uma tendência inerente ao indivíduo que traz consigo o medo (bloqueio) de desafiar a vida através de decisões ou de encaminhamentos que o direcionem ao crescimento pessoal.
Libertar-se deste processo de característica obsessiva, que limita e prende o indivíduo ao seu passado, é uma tarefa que exige vontade, querer e discernimento para conquistar um nível de lucidez que altere significativamente o seu modelo comportamental e implique numa melhor qualidade de vida.
Deixar a vida no banho-maria por tempo indeterminado é paralisar o processo existencial sob o ponto de vista psico-espiritual. É prender-se a processos obsessivos que levam o indivíduo à dependência e à inércia existencial. É ir na contra-mão do movimento vital que nos estimula ao progresso e à expansão de consciência.
Nesta direção, todo bloqueio ou obstáculo que surgir pelo caminho deve ser removido para que o fluxo natural da vida nos estimule ao crescimento. Sem esta clareza de propósitos, estaremos dependentes das circunstâncias da vida, que podem turvar a nossa visão naquilo que mais precisamos visualizar: a si próprio inserido no contexto vital e universal.
Neste sentido, as psicoterapias que abordam em suas metodologias a natureza interdimensional do ser humano podem ajudar a pessoa a encontrar a saída do labirinto de si mesmo. Tornar claro o que antes era obscuro pelo desconhecimento dos mecanismos inconscientes que provocam um "estado de coisas" individual que tende a se perpetuar.
Ajudar a pessoa a sair do banho-maria existencial e assumir o processo de autorrealização, sem receio de desafiar a vida em busca da felicidade possível, é o que propõe a psicoterapia interdimensional, ao estabelecer conexões e interpretações que levem a pessoa às necessárias elaborações, que por sua vez, acionam mecanismos conscientes responsáveis pela erradicação do sentimento de medo nos momentos de decisão ou de tomada de atitude diante da vida.
"As forças naturais que se encontram dentro de nós são as que realmente curam as nossas doenças". (Hipócrates)
por Flávio Bastos - flaviolgb@terra.com.br
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