quinta-feira, 6 de maio de 2010

O Instituto Butantan descobre a cura do câncer, mas não tem autonomia para assinar patente.

Saliva de carrapato-estrela cura câncer em ratos de laboratório.

Instituto Butantan e sua nova descoberta para a cura do câncer

Em 42 dias os tumores nos ratos desapareceram. A pesquisa com o carrapato-estrela já se estende por 6 anos e de sua saliva também se extrai um anticoagulante. A burocracia brasileira está dificultando o andamento das coisas. O Butantan não tem autonomia para assinar patentes e sem segurança jurídica os laboratórios não podem investir. Pode? Entenda essa história bem brasileira.

A ciência conhecia apenas os efeitos nocivos do carrapato-estrela (amblyomma cajennense), como a febre maculosa transmitida pela picada do aracnídeo, muitas vezes fatal. Mas depois da pesquisa científica do Instituto Butantan, novos medicamentos contra o câncer devem vir a ser produzidos derivados da proteína da saliva do carrapato-estrela, como também um novo anticoagulante. Como dizem os cientistas do Butantan, “o prognóstico é animador”.

Experiências com ratos no Instituto Butantan

A pesquisa ainda será publicada – os estudos foram destaque no 22º Congresso Internacional da Sociedade de Trombose e Hemostasia, que aconteceu em Boston, nos Estados Unidos no último mês de julho. “Imaginávamos que a saliva do carrapato tivesse algum componente que inibe a coagulação, pois, como hematófago, precisa manter o sangue fluindo para se alimentar”, esclareceu Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, pesquisadora do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan.

Analisando a sequência de genes da glândula salivar do carrapato-estrela, responsável pela produção de uma proteína anticoagulante parecida com anticoagulantes do tipo TFPI encontrados na saliva humana, a cientista concluiu que essa proteína pode ser produzida em laboratório. Ao introduzir um pedaço do DNA analisado em bactérias Escherichia coli, foi notado que as bactérias passaram a produzir a mesma proteína.

Experiência com carrapato-estrela para cura do câncer

Em 2004 Ana Marisa entrou com um pedido de patente para o anticoagulante no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), mas logo percebeu que estava diante de uma nova esperança para a cura de tumores.

Ao testar a proteína em células sanguíneas para medir o nível tóxico, a cientista observou que a substância é segura para células saudáveis e nociva para células tumorais. Eureca! Passou-se então para a fase de testes em ratos de laboratório com melanomas, câncer de pele, e o resultado foi espetacular. Em 42 dias reversão total. “Testamos em culturas de células tumorais e a surpresa foi positiva, pois a proteína tem atividade altamente citotóxica para elas e não para células normais”, afirma a farmacêutica e pesquisadora Ana Marisa Chudzinski-Tavassi.

INPI - aché - União Química - BioLab

Ainda demora um pouco para ser usado em seres humanos – novos testes precisam ser feitos – inclusive os laboratórios Aché, BioLab e União Química já formaram um consórcio para a produção de futuros medicamentos, contudo segundo a cientista Ana Marisa a burocracia pode emperrar todo o processo porque o Instituto Butantan não tem autonomia para assinar patentes e a indústria farmacêutica questiona a falta de segurança jurídica.Não é possível que a cura do câncer seja encontrada e esbarre na burocracia. Chega a ser ridícula essa colocação de falta de segurança jurídica por parte dos laboratórios. Que país é esse? Porque o Instituto Butantan ainda não tem autonomia para assinar patentes?

Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, pesquisadora do Laboratório de  Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan

Assista clicando neste link, uma aula com a farmacêutica do Butantan, no Instituto do Milênio de Fluidos Complexos, sobre Proteínas de fluidos animais que afetam o sistema hemostático humano: descoberta, inovação, desenvolvimento.

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